sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Rodoanel paulistano é uma ferida na Mata Atlântica

O governo de São Paulo se esforça em mostrar as vantagens da conclusão do trecho Norte de um mega anel viário que segundo seus idealizadores vai desafogar o tráfego na capital, desviando para fora da área urbana parte dos veículos que hoje precisam atravessar a cidade.

Na foto ao lado você vê a intervenção humana em área de preservação próxima ao Parque Natural do Pedroso, em Santo André (Rodoanel Sul) no ano de 2008 - Fonte: blog A Verdade do Rodoanel.

Há quem conteste a eficácia dessa obra cara, demorada e danosa ao meio ambiente e uma das muitas vozes contrárias ao projeto que apresentam argumentos bastante convincentes é o engenheiro especialista em trânsito Horácio Figueira.

Segundo ele, se apenas os seis bilhões e meio de reais gastos para a construção dos 44 Km do Rodoanel Norte, por onde se prevê circularem 45.000 carros com apenas 63.000 pessoas por dia, fossem investidos em transporte público, poderiam ser construídos:
  • 30 Km de metrô para transportar 1.500.000 passageiros por dia.
  • 60 Km de VLT para transportar 1.200.000 passageiros por dia.
  • 400 Km de corredores de ônibus para 4.000.000 de passageiros por dia.
E a obra do governo paulista assusta ainda mais quando se leva em conta o seu impacto ambiental negativo, já que enquanto novas linhas de metrô, ônibus, ou veículos leves sobre trilhos ocupariam apenas espaços já urbanizados, o anel viário em construção invade áreas de floresta nativa até então preservada e de nascentes e outros mananciais de água na Serra da Cantareira, de onde, inclusive, a Sabesp capta boa parte da água levada aos lares e empresas da grande São Paulo.

Intervenção na topografia e na vegetação (Foto: blog Fórum Rodoanel)

Supressão de vegetação nativa (Foto: Paulo Barros)

Para o governo, além de melhorar o trânsito paulistano o Rodoanel reduziria a poluição provocada pelos veículos nos congestionamentos monstruosos que se formam na cidade, mas se levarmos em conta a destruição de centenas de hectares de floresta para a realização da obra, as vantagens largamente alardeadas não nos parecem tantas.

 Natureza destruída no trecho Sul (Foto: blog A Verdade do Rodoanel)


Quando concluído, o Rodoanel terá cerca de 180 quilômetros de pistas contornando a cidade de São Paulo e interligando algumas das principais rodovias do estado. Até lá milhares de árvores terão sido derrubadas, milhares de animais terão sido mortos ou desalojados e dezenas de mananciais estarão destruídos ou severamente comprometidos e toda a natureza ao seu redor estará exposta à poluição e a desastres ambientais provocados por acidentes no transporte de produtos perigosos.



Devastação de floresta no trecho Norte do Rodoanel (divulgação / Agência T1).

Mapa oficial do Rodoanel paulistano (Fonte: site do governo)

Outra questão bastante discutida em relação aos impactos da obra é a sua interferência na vida das pessoas. De acordo com publicação do site da Associação Cantareira datada de 27 de dezembro último, cerca de 10 mil famílias deverão ser desalojadas de suas casas para as obras do Rodoanel Norte e é certo que a realocação dessas pessoas irá gerar outros tantos impactos no meio ambiente. A ONG existe desde 1995 e defende os direitos da população da periferia de São Paulo. 

Imagem do site da Associação Cantareira


Imagem do blog Transportes PTSP

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